Você, provavelmente, já alimentou seu animal doméstico com algum item
desta lista e nada aconteceu. Mas isso não quer dizer que estes alimentos façam
bem. Não vale dizer que se rendeu aos olhos pidões. Nem tudo que seu animal
cobiça faz bem para a saúde. Por isso, quando o assunto é evitar problemas com
a balança, não é só na sua dieta que você deve estar de olho – a alimentação
dos bichinhos também precisa de atenção. Veja alguns alimentos que não fazem
nada bem ao seu animalzinho.
1. Leite
Esqueça a imagem fofinha acima – apesar do que diz o senso comum, uma
tigela de leite não é sempre a melhor opção para os animais. O organismo de
cachorros e gatos não possui grandes quantidades de lactase, enzima essencial
para a digestão de leite e seus derivados. Isso significa que a maioria dos
animais apresenta algum grau de intolerância à lactose, o que acaba tornando um
simples copo de leite num desastre: seu consumo pode causar dores abdominais,
náuseas e diarreia.
2. Doces
Quem pensa que está fazendo um agrado ao bichinho ao lhe dar um doce nem
imagina o mal que pode estar causando à saúde do animal. Os pequenos
companheiros também podem ter graves problemas com a balança se abusarem de
doces. Além de levar à obesidade, alimentos ricos em açúcar podem provocar
cáries, tártaro e diabetes mellitus nos animais.
O assunto fica ainda mais sério quando o doce é feito de cacau. “O
chocolate é tóxico para os animais, pois possui uma substância chamada
teobromina, um alcalóide que os cães e os gatos não conseguem metabolizar e por
isso se acumula no organismo atingindo rapidamente concentrações tóxicas”,
explica a médica veterinária Manuela Fischer. Estudos indicam que para causar
um quadro grave de intoxicação são necessárias entre 100 e 150 gramas de
chocolate por quilo do animal – o que significa que, para sofrer intoxicação, um cão yorkshire de 3kg precisaria comer três barrinhas.
Mas um pedacinho só também não é inofensivo: a metade de um “quadradinho” já
seria o suficiente para causar taquicardia, excitação, espasmos musculares,
vômitos e diarreia.
3. Restos de comida
Se o seu bichinho é do tipo que ronda a mesa na hora das refeições e faz
cara de pidão para ganhar os restinhos que sobram no prato, saiba que o melhor
a se fazer é resistir aos charmes do seu companheiro peludo. A maior parte das
sobras de comida é composta por carboidratos – arroz, massas, pães e batata. Só
que cães e gatos necessitam principalmente de proteína e gordura na dieta. Por
isso, estes “lanchinhos” não só devem ser evitados, como não devem substituir a
refeição principal. As consequências de uma alimentação desbalanceada podem ser
sérias: em logo prazo, a dieta desregrada pode causar desnutrição, anemia,
deficiência de vitaminas e minerais, problemas de pele e pelagem, entre outros.
Mas, caso você não queira alimentar seu bichinho com rações já prontas,
a comida caseira é sim uma opção. Neste caso, nada de restos: recomenda-se que
seja procurada a orientação de um veterinário, que ajudará a montar o
“cardápio” ideal. Para preparar estas refeições é preciso tempo, precisão (uma
balança deve ser usada para determinar a proporção ideal de alimentos) e
dedicação – dá trabalho, mas o seu amiguinho agradece.
4. Suplementos alimentares e excesso de comida
Ao contrário do que se pode imaginar, cães de raças grandes não precisam
de suplementação de vitaminas e minerais para crescerem fortes. Animais que
consomem alimentos de qualidade já possuem todos os nutrientes necessários para
o seu desenvolvimento e o excesso de minerais só prejudica a saúde do animal em
longo prazo.
Outro erro comum quando se trata de filhotes de cães pesos-pesados é a
superalimentação: exagerar nas porções não só não colabora para o desenvolvimento
do animal, como também pode acarretar problemas irreversíveis.
“Ao contrário do que se pensa, esses filhotes devem ter a alimentação
extremamente controlada para que o crescimento e o desenvolvimento sejam lentos
o suficiente para evitar prejuízos às articulações. Bem alimentado é diferente
de superalimentado. Na primeira opção, os animais atingirão o crescimento
máximo e terão saúde, já na segunda, eles também atingirão o crescimento máximo
mas terão grandes chances de desenvolver problemas articulares graves, sem
cura”, explica Fischer.
Dica: Para evitar que o bichinho exagere na comida o ideal é seguir a
indicação nos rótulos das rações, que orientam sobre a quantidade aproximada
que deve ser dada ao bichinho – lembrando também que essa porção deve ser
dividida em pelo menos duas refeições diárias. Para escolher a melhor ração ou
o alimento mais indicado para o seu bichinho o ideal é consultar um
veterinário. Apesar de apresentarem, em geral, necessidades nutricionais
semelhantes, há bichinhos que fogem à regra e precisam de uma alimentação
diferenciada. Além disso, idade, nível de atividades físicas e predisposição a
doenças influenciam na escolha do melhor alimento.
5. Cebola e Alho
A cebola e o alho contêm uma substância chamada dissulfeto de n-propil,
que altera a hemoglobina, provocando a destruição de glóbulos vermelhos e
causando anemia, icterícia e sangue na urina. Se não for tratado, pode ser
fatal. Se for diagnosticado a tempo, essa intoxicação pode ser revertida com
transfusão de sangue.
Evite deixar seu animalzinho à mercê de riscos, afinal, ele confia em
você. Cuide bem dele!
*Consultoria: Manuela Marques Fischer, médica veterinária e doutoranda
do programa de pós-graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS); Luiz Morato Neto, médico e cirurgião veterinário.
Fonte: Super Interessante